CHIMARRÃO NA GRAVIDEZ

Chimarrão na Gravidez: Um Guia Completo para Gestantes

A gravidez é um momento de cuidado e atenção redobrada com a saúde, especialmente quando se trata da dieta e de tudo o que ingerimos, incluindo bebidas populares e tradicionais, como o chimarrão. No sul do Brasil, a tradição da bebida é quase religiosa, mas a pergunta ainda paira: é seguro consumi-lo durante a gestação?

Vamos navegar por esse tema complexo, onde a ciência se encontra com a tradição e a saúde do bebê durante a gestação é a principal preocupação. Se você é um amante do chimarrão, ou simplesmente quer saber mais sobre o assunto, este artigo é para você. A saúde centro das atenções na gestação.

Conhecendo as Diferenças entre Chimarrão, Mate e Tererê

BENEFÍCIO terere

Antes de mergulhar nos estudos, é crucial compreender as diferentes formas de consumir a erva-mate, tão presentes na cultura gaúcha e em muitas outras regiões do Brasil.

  • Chimarrão: O emblema mais forte da cultura do sul do país, ele é uma infusão de erva-mate com água quente, consumido em uma cuia com uma bomba de metal.
  • Mate: Muito consumido como tererê, o mate comum é feito com água fria ou gelada, o que traz uma variação no sabor e na composição final da bebida.
  • Tererê: Popular em regiões quentes, o tererê é o mate gelado, geralmente preparado com um maior volume de erva-mate.

A preparação e a temperatura do chima não são apenas considerações culturais, mas também afetam a concentração de substâncias presentes na bebida, como a cafeína.

Cafeína na Gravidez: Qual é a Importância?

A cafeína é uma substância conhecida por suas propriedades estimulantes. Ela é encontrada não apenas no café, mas também no chá, no chocolate e em muitos refrigerantes. Durante a gestação, os hormônios podem diminuir a capacidade do organismo de metabolizar a cafeína, o que significa que a substância pode permanecer no corpo por mais tempo, afetando tanto a mãe quanto o bebê.

O  uso de cafeína durante a gestação está associado a uma variedade de problemas, desde aborto espontâneo e baixo peso ao nascer, até atraso no crescimento e no desenvolvimento fetal. Portanto, os órgãos de saúde recomendam moderação.

Chimarrão e Gravidez: O que Dizem as Pesquisas

chimarrão

Estudos sobre a relação entre chimarrão e gravidez ainda são escassos. Um dos desafios é a complexidade de analisar uma bebida que varia tanto em sua preparação. No entanto, uma pesquisa publicada na revista científica Nutrients em 2018 levantou questões sérias sobre o consumo diário de chimarrão por gestantes.

O estudo, conduzido pela  Universidade Federal de Pelotas, identificou que o uso diário de chima pode ser suficiente para elevar os níveis de homocisteína em gestantes. Níveis elevados dessa substância podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares, incluindo a pré-eclâmpsia.

Substâncias Inflamatórias e Teratogênicas

O chimarrão contém altos níveis de moléculas, como compostos fenólicos e aminas heterocíclicas, que possuem atividades anti-inflamatórias. Embora benéficas em muitos contextos, algumas pesquisas sugerem que, durante a gestação, o uso elevado de certos anti-inflamatórios pode causar complicações no desenvolvimento do feto e no nascimento. gravidez grávida.

Adicionalmente, estudos apontam que consumo excessivo dessas substâncias pode causar sobrecarga cardíaca no feto e também podem ter efeitos teratogênicos, ou seja, provocar malformações congênitas.

Recomendações para Gestantes e seu Bebê

A Sociedade Brasileira de Pediatria, na sua publicação “Amamentação – Bases Científicas”, recomenda que “as gestantes devem ser orientadas a ingerir, no máximo, de 200 a 300 mg de cafeína por dia.” Isso equivaleria a dois chimarrões por dia (de médio a grande teor de cafeína) ou até 3 xícaras de café.

No entanto, é importante discutir esse limite com o médico ou profissional de saúde, pois cada gestante é única. Além disso, é necessário considerar a cafeína proveniente de outras fontes, como refrigerantes e chás.

Mas Então, Grávida Pode Tomar Chimarrão?

A resposta curta é sim, mas com moderação. Se a dose se limitar a uma cuia de  chimarrão ao dia, é improvável que represente um risco significativo. No entanto, a cafeína acumulada ao longo do dia pode ser mais prejudicial do que uma única xícara.

Gestantes que já têm ou tiveram complicações cardiovasculares devem ser especialmente cautelosas. Nesses casos, o melhor é evitar o uso de chimarrão e outras fontes de cafeína por completo.

Chás que Devem Ser Evitados

O chá de arruda e o de canela são conhecidos por serem abortivos e devem ser totalmente evitados. Já os chás de boldo, buchinha-do-norte, hibisco e centelha devem ser consumidos com muita moderação, ou simplesmente evitados, já que possuem substâncias que podem ser maléficas à gestação.

É importante reforçar que, na dúvida, a consulta com um profissional de saúde é o melhor caminho para garantir a segurança da gestante e do bebê.

A tradição do chimarrão é rica e valorizada, mas a máxima “não existe regra sem exceção” se aplica com força à gravidez. Cada caso é único, e as recomendações gerais devem ser adaptadas à individualidade de cada gestação.

A moderação é a chave, especialmente quando se trata de algo tão complexo e comum como o hábito do chimarrão. Se estiver grávida e decidir tomar chimarrão, faça isso de forma consciente e escutando o seu corpo. E, como sempre, o diálogo aberto com um profissional de saúde é a melhor maneira de tomar decisões informadas e seguras.

A saúde do bebê vem em primeiro lugar, e fazer as escolhas certas durante a gestação contribui para um início de vida saudável e bem-sucedido.

Aviso Legal:

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a orientação de um profissional de saúde qualificado. Para aconselhamento e informações específicas sobre sua saúde e de seu bebê, consulte sempre um médico ou nutricionista.

O cuidado com a dieta durante a gestação é fundamental para garantir a saúde da mãe e do feto. O chima, apesar de ser parte da cultura de muitos, deve ser consumido com moderação e com conhecimento dos possíveis riscos. Essa é uma decisão que deve ser discutida com um médico, levando em consideração os benefícios tradicionais da bebida e os riscos recentemente pesquisados.

A busca na base de dados do PubMed sobre os riscos associados a ingestão de erva-mate durante a gestação retornou alguns estudos relevantes. Vou detalhar alguns dos mais relevantes:

  1. “Caffeine consumption during pregnancy and ADHD at the age of 11 years: a birth cohort study” (PMID: 27920084): Este estudo não encontrou associação entre a ingestão de cafeína na gestação e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) aos 11 anos de idade. O estudo foi realizado em Pelotas, Brasil, e considerou a ingestão de café e erva-mate durante a gestação.
  2. “Teratogen update: evaluation of the reproductive and developmental risks of caffeine” (PMID: 11410911): Uma revisão abrangente sobre os riscos reprodutivos e de desenvolvimento associados a ingestão de cafeína, que inclui o mate. O estudo destaca a importância de considerar vários fatores que podem confundir os resultados das pesquisas sobre cafeína e os riscos para o desenvolvimento fetal .
  3. “Maternal caffeine consumption and fetal death: a case-control study in Uruguay” (PMID: 16466428): Este estudo investigou a associação entre a ingestão de cafeína  na gestação e a mortalidade fetal em Montevidéu, Uruguai. Foi observado que a ingestão de cafeína acima de 300 mg/dia estava significativamente associado a um risco aumentado de morte fetal em comparação com a ausência de ingestão de cafeína na gestação. O chima foi a fonte mais frequente de cafeína tanto para casos quanto para controles .

Esses estudos destacam a necessidade de considerar a ingestão de cafeína, incluindo o chima, durante a gestação devido aos seus potenciais efeitos sobre o feto e o desenvolvimento infantil. É importante ressaltar que mais pesquisas são necessárias para compreender totalmente os riscos associados.

Aqui estão os links diretos para os artigos mencionados:

  1. Para o estudo “Caffeine consumption during pregnancy and ADHD at the age of 11 years: a birth cohort study” (PMID: 27920084), você pode acessar aqui.
  2. Para a revisão “Teratogen update: evaluation of the reproductive and developmental risks of caffeine” (PMID: 11410911), o link é este.
  3. E para o estudo “Maternal caffeine consumption and fetal death: a case-control study in Uruguay” (PMID: 16466428), você pode encontrá-lo neste link.

Estes links levam você à base de dados do PubMed, onde você pode encontrar resumos e informações adicionais sobre cada um dos estudos.